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Você sabe o que é o Programa de Ensino Integral (PEI)?

Conforme as atuais diretrizes de Ensino, trata-se de um modelo de escola que prioriza o projeto de vida dos alunos, onde todas as ações da escola convergem para a construção de um jovem que seja competente em seus conhecimentos e estudos, solidário e consciente de seu papel social e autônomo em suas decisões.

Erica Viana Albarral, 33, Professora Coordenadora Geral  da E.E. Profº Luiz Páride Sinelli e nossa entrevistada de hoje, explica: “São princípios do PEI os quatro pilares da educação, a pedagogia da presença, a educação interdimensional e o protagonismo juvenil. Quando falamos de uma escola que prioriza os projetos de vida dos alunos, estamos falando de pensar na valorização do ensino, em que a educação faça sentido ao aluno e ao professor”.

A educadora diz ainda que  as ações da escola são voltadas para esse empenho. São elas:

  • Eletivas: aulas que os professores organizam refletindo a importância da Base Nacional Comum com os Projetos de Vida dos alunos. Exemplo, um aluno que deseja seguir a carreira em desenvolvimento de sistema, terá interesse maior em aulas de robótica. Os temas são elaborados semestralmente, tentando abordar o maior número de projetos de vida possível. Ao final do semestre há uma apresentação dos alunos em que deverão expor o que aprenderam com a temática abordada.
  • Orientação de Estudos: Aulas que auxiliam o aluno a se organizar enquanto estudante. Organizar a agenda, tempos de estudo, materiais para estudo, busca de fontes de pesquisa, apresentação de trabalhos, entre outros. Além disso, temos uma ação emergência que chamamos de “nivelamento”, que buscamos através dos resultados das avaliações externas propor ações de recuperação de habilidades em defasagem e avanço dos alunos.

Erica Viana Albarral, é graduada em História e Pedagogia, com título de mestrado em História Ibérica, pela Universidade Federal de Alfenas.

Ela trabalha na Secretaria da Educação do Estado de São Paulo desde 2010. A partir de 2018, atuou como vice-diretora do Programa Escola da Família, e em julho deste mesmo ano foi aceita como Professora Coordenadora de Núcleo Pedagógico, na Diretoria de Ensino de Franca. “Desde o início de 2021, aceitei o desafio de auxiliar a E.E. Profº Luiz Páride Sinelli na função de Professora Coordenadora Geral; uma escola que iniciou neste ano no Programa de Ensino Integral (PEI). O nosso diferencial é que oferecemos a estrutura do PEI em uma jornada de 7 horas para os alunos do Ensino Fundamental e Ensino Médio. Também contamos com a parceria do Centro Paula Sousa (Industrial), onde os professores ministram os cursos de Administração e Desenvolvimento de Sistemas em nossa escola para os alunos do Ensino Médio”. Saiba mais sobre esse universo da Eduação.

Folha de Franca – Explique quais as atribuições de um Professor Coordenador Geral (PCG).

Erica Viana Albarral – Em uma escola PEI, o Professor Coordenador Geral (PCG) é o parceiro da equipe gestora na execução do programa na escola. Enquanto coordenadora pedagógica, sou responsável pela formação dos professores e dos alunos, auxiliando na construção de jovens autônomos, solidários e competentes para a sociedade do século XXI.

Folha de Franca – Fale da sua escola especificamente, número de alunos, como é o aspecto de inclusão etc.

Erica Viana Albarral – Apesar das grandes mudanças ocorridas neste ano, somos uma escola pequena, com 345 alunos. Oferecemos o ensino fundamental anos finais no turno 1, que funciona das 7h às 14h. O ensino médio funciona das 14h15 às 21h15. Nestes horários o aluno vivencia todos os aspectos que o PEI pode oferecer a ele.

Os alunos público-alvo da educação especial, também vivenciam estes momentos de maneira inclusiva. As atividades são adaptadas aos alunos, considerando as singularidades de cada um.

Folha de Franca –  Explique o conceito e o funcionamento de uma PEIErica Viana Albarral – O Programa de Ensino Integral surgiu em 2012 na Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, em algumas escolas. Neste ano de 2021 nossa escola foi inserida no Programa de Ensino Integral.

  • Projeto de vida: São tempos de aulas em que conversamos abertamente sobre os projetos de vida dos alunos, levando-os a refletirem sobre os desafios encontrados para se alcançar as profissões pretendidas, independentemente de quais foram escolhidas. Esse componente curricular também trabalha intensamente as competências socioemocionais para cada ano/série, para o desenvolvimento dos alunos em todo o seu ser, não somente no cognitivo.
  • Tecnologia e Inovação: Neste componente os alunos trabalham os usos e abusos da tecnologia na atualidade. Além de observar em como funciona os sistemas e as lógicas de programação.
  • Práticas Experimentais: São aulas práticas que levam o aluno a refletir sobre os conceitos científicos. Também são trabalhados os conceitos de experimentação, escrita científica, publicação e compartilhamento dos saberes.
  • Protagonismo Juvenil: São aulas que os professores trabalham com os alunos o conceito de protagonismo responsável entre eles, apresentando os espaços para uma participação efetiva de sua aprendizagem e na sociedade que o cerca.
  • Clubes Juvenis: É um tempo de aula que os alunos se organizam e exercem o seu protagonismo juvenil. O aluno atua como mediador da aprendizagem de seus pares. Neste momento os alunos são atuantes para trabalhar a liderança do seu clube juvenil. Os temas são propostos pelos próprios alunos que oferecem aos colegas que são eleitos para participar do clube – os temas são variados, desde dança, jogos de tabuleiro, desenho, gastronomia, etc. Os alunos são acompanhados de perto pela equipe gestora da escola, auxiliando em sua formação e trabalhando a liderança do clube juvenil.
  • Líderes de turma: É um trabalho de formação do aluno para ser líder e responsável pelo rendimento de sua turma. Os alunos são chamados para auxiliar na aprendizagem de todos da sua turma. Os líderes têm voz ativa junto a equipe gestora da escola para levantamento de ideias e propor soluções para o bom desenvolvimento da turma.
  • Tutoria: Espaço em que o professor acompanha o desenvolvimento dos estudos de um grupo de alunos. O professor conquista a parceria da família para apoiar o aluno no seu desenvolvimento cognitivo e emocional.

Todo esse conjunto de disciplinas e espaços para o exercício do protagonismo juvenil, chamamos de parte diversificada do PEI.

Além disso, nossa escola tem uma parceria importante com o Centro de Paula Sousa, que chamamos de NOVOTEC.

Folha de Franca –  Por favor, explique aos leitores como é o NOVOTEC.

Erica Viana Albarral – Com o NOVOTEC, os alunos realizam o curso técnico integrado ao Ensino Médio. Oferecemos o curso de Desenvolvimento de Sistemas e Administração com a equipe de professores do Centro de Paula Sousa dentro da nossa escola.

Folha de Franca –  Quais foram, nesse modelo de Educação, as realizações notáveis?

Erica Viana Albarral – Conheci o Programa de Ensino Integral enquanto Professora Coordenadora de Núcleo Pedagógico, enquanto acompanhava o processo de formação dessas escolas. Desde então me identifiquei com o modelo gestão e modelo pedagógico do PEI. Acredito que ele muda a comunidade escolar em que está inserido. É um grande ganho para a sociedade quando observamos jovens focados na construção de seu projeto de vida. As grandes realizações é observar os alunos engajados e comprometidos com seus projetos de vida. Alunos que antes não conseguiam sonhar ou projetar futuro, começam a refletir sobre qual o objetivo de sua vida e o que desejam seguir profissionalmente.

Folha de Franca –   Quais são os desafios e metas?

Erica Viana Albarral – A nossa missão enquanto escola está no nosso Plano de Ação: “Proporcionar educação de qualidade alinhada com as características da sociedade moderna, se renovando constantemente com as novas tecnologias, acompanhando as necessidades específicas dos estudantes, com foco na formação acadêmica de excelência, protagonismo juvenil, inovação tecnológica e profissionalizante, afim de tornar o aluno cidadão crítico, autônomo, criativo e ético.”

É um desafio imenso oferecer uma educação de qualidade e valorizar essa mesma educação para a nossa sociedade. Atualmente a nossa meta é ser uma escola relevante para a nossa comunidade escolar, apresentando a importância da educação para a valorização de todos.

Apesar de toda a dificuldade pandêmica dos dois últimos anos, é notório que a Educação é essencial para toda a sociedade. Mesmo com o distanciamento social, cumprimento de protocolos sanitários, horários de revezamento de turmas e horário reduzido para higienização de ambientes, podemos notar grandes transformações nos professores e alunos. Estamos com o retorno presencial dos alunos há um mês, porém percebemos que o vínculo e a aproximação que a tutoria ofereceu no tempo de distanciamento social foi essencial para a acolhida e o retorno dos alunos. Muitos alunos não estavam inseguros ao retorno presencial, pelo contrário, eles queriam conhecer quem era o professor que ligava e se importava com ele toda a semana. Foi um momento de alegria e alívio para todos os professores e alunos.

Percebemos que os alunos confiam mais na escola e no seu processo de crescimento cognitivo e emocional. A escola não é “chata”, mas um espaço para ele se expressar e construir sua identidade com autonomia.

Temos a consciência de que a recuperação é importantíssima se queremos um aluno que seja competente para o mercado de trabalho e para a vida em sociedade. Por isso, estamos somente no início dessa longa jornada de transformação da comunidade que estamos inseridos.

Folha de Franca – Como você avalia a Educação atualmente e que caminhos você apontaria para mudanças?

Erica Viana Albarral – Eu acredito que a Educação ainda tem muito a ressignificar e melhorar, mas estagnada ela não está. Acho que se cada profissional entendesse a importância que a Educação tem na construção de uma sociedade melhor, teríamos hoje um reflexo dela em nossa sociedade. Eu acredito que precisamos construir uma rede colaborativa, todos devem fazer a sua parte para valorizar a educação pública, privada, técnica, integral ou regular. Se cada um fizer a sua parte todos ganhamos. Mas, para que isso ocorra é necessario esforço. Precisamos estudar, buscar, entender e refletir para encontrar nos locais de discussão, argumentos firmes e seguros. Eu não posso propor um caminho para a mudança se eu não me esforcei para mostrar o diferente. Parafraseando o filósofo Mario Sergio Cortella, eu busco fazer o meu melhor dentro das condições que eu tenho enquanto não tenho condições melhores para fazer melhor ainda.

Folha de Franca –  Quais são, para você, os teóricos da Educação que lhe inspiram?

Erica Viana Albarral – Quando citamos algum pensador ou teórico, muitas vezes excluímos inúmeros outros que fizeram parte de nossa jornada. Mas acho que todo o pensamento educacional brasileiro, deve muito a Paulo Freire, ao refletir sobre o papel da Educação, em que ela não se consiste na transmissão de saberes, mas uma visão de construção mútua de conhecimentos entre professor e aluno. Além dele temos os autores que inspiram sobre o protagonismo, como o professor Antônio Carlos Gomes da Costa, que nos fala sobre o papel do jovem como protagonista e irradiador de inovação. Também temos os pensadores que nos inspiram à mudança nas metodologias das aulas através da difusão de metodologias ativas como a Lilian Bacich e José Moran. Todos eles nos levam a repensar o modelo tradicional de educação e escola.

Folha de Franca – Fale sobre o concurso de desenho sobre inclusão.

Erica Viana Albarral – A SEDUC propôs um concurso para ilustrar o documento da Política de Educação Especial do Estado de São Paulo, assim convidou a todos os alunos da rede estadual a participarem do Concurso de Desenho 2021 – Educação Especial. Entre as várias escolas que participaram, a nossa foi selecionada na etapa de Ensino Médio. Até o momento aguardamos o resultado do concurso. Temos a publicação na rede social da Diretoria de Ensino, apresentando todos os participantes do concurso.

Vanessa Maranha

É Psicóloga, Jornalista, Escritora Premiada, colunista da FF.

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