Eu também quero!
Sentado no degrau da base da porta de aço,
Fechada pelo adiantado da hora de sábado, à tardinha,
Um jovem fiapo humano, cara de infeliz e de pedaço,
Na calçada da loja esperava o semelhante que vinha.
Pedia educadamente ou por estar mesmo fraco
Uma moedinha de cinquenta centavos ao menos.
Sua roupa de verão em limiar de inverno, que saco!,
À rejeição dos passantes atirado, de alguns ganhava acenos.
Como saía da movimentada padaria da esquina,
De troco pusera alguns trocados no bolso da camisa.
Entre dar a esmola e negar a índole de ave de rapina
Ficou com esta atitude: a gratidão é demais, é poetisa!
A mão do caído ainda assim não encheu.
Outras tantas vezes teria que continuar estendida.
Sentiu-se pequeno, pelo pouco que tinha e deu.
O desprendimento anônimo o manteria de pé na vida.