Opiniões

Abordagem e confronto, parecidos mas diferentes

A abordagem é um dos pilares do trabalho de policiamento ostensivo e preventivo realizado pela Polícia Militar. É através dela que os agentes se inteiram de pormenores dos acontecimentos e agem contra a prática dos ilícitos. De nada adiantará a presença dos policiais na via pública ou em locais de eventos se eles não estiverem bem informados sobre o que se passa ao seu redor.

É uma linha de convivência estabelecida para a separação do joio do trigo. Os cidadãos de bem são protegidos e os criminosos ou contraventores retirados do meio para responderem pelos seus erros. Ao abordar um motorista, o policial pode tanto dele receber informações sobre problemas no caminho percorrido quanto informá-lo sobre  possíveis embaraços na sequência do trajeto. Dessa forma, erguem-se as estruturas da Segurança pública.

A abordagem é um momento delicado. Não pode tratar todos os abordados como se fossem suspeitos e nem desprezar pormenores que possam identificar os criminosos ou contraventores. É por isso que a PM paulista e  suas congêneres enviam agentes multiplicadores para treinamento nos Estados Unidos, Israel e outros centros desenvolvidos e dc complexidade, recebendo também o pessoal nacional e estrangeiro para a troca de experiências. Isso garante eficiência e afasta problemas e inconformidades operacionais. Tanto que não há registros de mortes em abordagens.

O que ocorre é o confronto que, pela sua natureza, chega a ser confundido com abordagem, mas é diferente. Se o abordado apresenta comportamento atípico ou reage, passa à condição de suspeito que precisa ser melhor pesquisado. Há casos em que o suspeito foge ou até atira contra a viatura, para não ter descobertas armas, drogas, veiculo furtado ou não documentado e outros problemas. A partir dessaagressão, o que era abordagem transformou-se em confronto.

Dai derivam as perseguições e até óbitos, pois quando se estabelece o confronto torna-se impossível prever as consequências.
Apesar do possível desconforto, o cidadão comum reconhece a importância do trabalho policial de retirada dos criminosos que convivem na comunidade e, principalmente, para impedir que continuem praticando seus atos antissociais. Por isso, a grande maioria dos abordados colabora e tem, como benefício, a melhora dos índices de segurança.

A polícia, nas suas diferentes atribuições, é o braço armado do Estado. Da mesma forma que, lá no passado, o cidadão comum abriu mão de sua plena liberdade e a depositou nas mãos do poder público que, em contrapartida, ficou com a missão de realizar os serviços comunitáqrios, a atividade policial é o instrumento estatal garantidor do cumprimento das leis e normas que regulam a sociedade. Os que a preconizam inativa, fraca e até desarmada, não conhecem sua verdadeira finalidade ou, então, têm compromissos que não são os da comunidade. Deveriam ser investigados.

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves

É dirigente da Aspomil (Associação de Assistência Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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