Colunas

“Fui pra academia queimar ‘as banha’”

Inhaim?

Fui vestir uma calça jeans que ganhei de uma patroa e a bicha grudou na minha barriga. As banhas subiam e desciam. Tô gorda. A Lolosa já tinha me dito. Mas eu não acreditei. Sabe como é: mulher tem inveja uma da outra. Mas a minha amiga de copo e de cruz tá com a razão: estou um baiacu. É cerveja. Todo dia abro uma bichona suadinha, litrão (Romarinho é para afrescalhados) e tomo assistindo a novela “Jesus”, na Record. E pico uma ‘mortandela” em cubos. Quando a grana tá melhor, eu compro queijo e mando orégano com sal. Taí o resultado. Um barriga maior do que a do Genival Lacerda. Roupa nenhuma entra. E se entrar, não sai.

Decidi: vou entrar numa academia. Eu e a Lolosa. Na academia “Massa Pura”, cujos aparelhos são tão velhos que se encostar dá tétano. Vou ficar igual a Gracielly Barbosa, ou Graziela, sei lá. Sei que ela tem umas coxas que parecem macaúba. Eu também quero ter coxa de macaúba. E ter barriga tanquinho para atrair macho, porque uso meus cintos com calça e vestido e fico parecendo uma pamonha amarrada.
Fui à loja do “Tudo por R$ 5”. Comprei uma bermuda, um top vermelho, uma camiseta cavada amarela e sapatilha Moleca. Foi o que o dinheiro deu. Eu e a Lolosa combinamos de malhar de noite. Fomos no meu Corcel pra dar pinta. Entramos e estava uma música alta pra cacete. Diz que era assim mesmo. Putz! Não rola um brega universitário? Ou uma Simara e Simone, Samara e Maimone, aquela do “garçom troca o DVD”?


O instrutor de bigodinho, short e camiseta “Suplemento.com” pôs a gente na esteira. Gritou:
_”Meia hora pra aquecer”.
Jesus, o que era aquilo? Aquele bicho rodando, minha Moleca escorregando, Lolosa toda maquiada ao meu lado (de tênis falsificado). E aquele bicho rodando. Meia hora depois, paramos. Estava suando mais do que tampa de marmitex e com a blusa apertada me incomodando. Era menor do que eu. Só tinha pequena.


O som continuava nas alturas. O instrutor, Junior Mastodonte, mandou a Lolosa prum aparelho de abrir e fechar a perna com um tanto de peso. Foi quando eu vi o poder da abertura da mulher. A minha amiga fazia cara de dor. Eu, ele colocou deitada com a bunda pra cima numa cama que parecia uma parteira. Depois fomos prum tal de “esquife”. O aparelho fazia “nheco-nheco”. O galpão de telha de amanto fazia um calor dos infernos. Depois pôs uns pesos nos nosso tornozelos, botou a gente num colchonete caindo aos pedaços e mandou a gente levantar a perna para cima 50 vezes. Era para o “grútio”. Perguntei se é aquele negócio que tem no pão, que algumas patroas frescas não comem. O Mastodonte explicou que o do pão era “glúten”. Metido! Mas era bom pra mim. A minha bunda parece uma pizza brotinho. Depois ele colocou a gente numa bicicleta. Umas bicicletas velhas. Nheco-nheco. Eu tremia mais do que gelatina.

A academia lotada. No espelho, gente fazendo pose para mostrar a musculatura dos braços. Pura bomba. O Mastodonete mandou a gente tomar “uei”. Esse “uei” é tão caro que dá pra encher o tanque do Corcel umas dez vezes.
Aí a tortura acabou.
Falei pra Lolosa: “vamo imbora tomar uma cerveja”. Ela topou. No outro dia eu não consegui me mexer na cama. Mandei um zap pra Lolosa: “amiga, estou de cama, minha coluna travou”. E a Lolosa: “amiga, a batata da minha perna tá mais dura do que pau de tarado de tanta câimbra”.
Resolvemos deixar a academia de lado. Quer saber? Homem gosta é de carne e banha.
Melhor pensar assim, porque academia, jamé…

Luciene Garcia

É jornalista e criadora da personagem Lulu do Canavial.

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